Chupou uma bala de jasmim
Foi ao cemitério e sonhou com flores de plástico
Acordou na cama fria
Queria tanto um corpo ao seu lado...
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sexta-feira, 25 de novembro de 2011
Poeminha tetriquinho
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A Pessoa Morre,
Potyra Pereira,
Sexta- feira
sábado, 12 de novembro de 2011
A novidade era o máximo do paradoxo
Padre Eduardo praticamente nasceu padre. Nunca quis ser outra coisa, até o dia em que morreu. Seu Darcy nem sabe como virou dono de puteiro, foi um negócio que tava na família há quatro gerações, ele era o único filho homem. Nanda Suely virou puta aos poucos, uma concessão aqui, uma troca de favores ali e resolveu levar a coisa a sério. Foi esse improvável triângulo não amoroso que movimentou aquelas semanas no bairro São Gilberto. Padre Eduardo era conhecido na região por uma igreja que tinha santos com cara de gente, com cara de povo, sabe? Sem cara de coitados ou superiores, cara de gente comum, que um dia recebeu um chamado divino, só isso. E lá estava Padre Eduardo, a caminho de uma extrema unção da irmã de um grande amigo quando viu a mulher que seria o rosto do povo para sua Nossa Senhora. Já viu tudo, né? Comentou com o amigo, ele não vê a tal mulher.
- aquela ali na praia, ali na areia
- Nanda Suely? Nanda Suely é o melhor boquete desta cidade, tá maluco?
Não, ele não tava! O desafio era ainda maior e a vitória ainda melhor...
Bom, vou poupar vocês dos pormenores...
Dias posando para Padre Eduardo, conversas sobre vocação, pecado, céu, inferno, Nanda Suely começa a admirar a igreja, Padre Eduardo a entender que é só uma profissão.
Mas seu Darcy, coitado... Precisou contratar cinco novas garotas para sobreviver ao concorrido mercado da sacanagem, mas sua casa nunca mais foi a mesma, nunca mais se formaram filas, casa cheia, nada. Os clientes começaram a se queixar de Nanda Suely. Sua profissional mais requisitada não era desejada por ninguém. Diziam que se sentiam sujos. Sujos, pecadores, indignos de voltarem à suas esposas, seus lares, a beijarem seus filhos. Não se pode dar o pau pra uma mulher com cara de santa chupar.
Padre Eduardo, na inauguração de sua Nossa Senhora fora vaiado, apedrejado, expulso da cidade e da congregação. Saiu até no jornal. Sua Nossa Senhora tinha cara, sabe? Ninguém sabe como mas todo mundo que via tinha certeza de que sim. Sua Nossa Senhora tinha cara de puta.
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A novidade,
Potyra Pereira,
Sexta- feira
sexta-feira, 4 de novembro de 2011
Só pra ver
Te quero assim: querendo me ter, mas eu só deixo meter, meter, meter... Falto àquele encontro, desejando que tomes todos os goles do mundo em minha homenagem, que passes a noite pensando em versinhos de amor pra mim. Como é mesmo aquele poeminha do Vinícius? Te chamando mentalmente de galinha e outros nomes. Pode até ser este. Que não consigas tocar, pensar, comer, estar em nenhuma mulher que não eu.
Te quero assim: jogado na lama. Quero que creias, mesmo que duvides, em todos os meus melodramas de quinta, que faças de conta que não viu que cheguei com a calcinha rasgada, com as costas arranhadas.
Quero te ter assim: perguntando se gosto de ti.
Pretinho, olha a minha cara de quem gosta de você!!
Olha a minha cara de amnésia!!
Olha a minha cara de amnésia!!
Te deixo assim: com o pau na mão, o coração no chão e com duas toneladas de culpa na cabeça*.
Te quero assim.
*Óbvio que nem só de culpa pesa sua cabeça...
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Olha a minha cara,
Potyra Pereira,
Sexta- feira
sexta-feira, 28 de outubro de 2011
Post apressadinho!
Meu grande amor,
das coisas que aprendi nos discos,
de como vivi,
dos perigos das ruas,
de tudo o que fizemos,
tanto faz...
Só o que me importa é
o seu braço,
o seu lábio
e a sua voz.
PS. 1: E apesar de termos feito tudo o que fizemos, ainda sinto tudo na ferida vida do meu coração...
PS. 3: E você ainda me pergunta pela minha paixão!!!!
Sim, sim, sei que Elis merece muito mais que um post apressadinho....
=D
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Como nossos pais.,
Potyra Pereira,
Sexta- feira
sexta-feira, 21 de outubro de 2011
A noite, todos os gatos são gatos!!!
Ela vai se aproximando do iate, de saltos
altíssimos. Enquanto ela chega mais perto, ele vê uma boca enorme e vermelha que lhe sorria dizendo “oi, gato!”. Ele nem se lembrava da ultima vez em que fora
chamado de gato. Ou se algum dia realmente tivera sido chamado assim... Ela
pediu pra subir e antes mesmo que ele pudesse responder, ela já estava lá
pedindo pra ouvir uma música, tomar alguma coisa, foi entrando, colocou Rolling
Stones pra tocar, serviu uma dose de scotch. Uma bebida aqui, uma alisada na
perna ali e logo estavam na cama. Ela o
dominou com chave de coxa, braço, boca e tudo o mais, dizendo no ouvido dele:
- Vamos viajar? Viver a pão-de-ló e möet chandon, e tudo provar!!!! Champanhe,
caviar, escargot! Bye, bye misere!! Comprar
o que houver!! Au revoir ralé!! Finesse
s'il vous plait!! Mon dieu!! Je t'aime glamour!!!!!
Ele comenta que o inglês dela é muito bom, ela ri,
jogando a cabeça pra traz (como Madame Silvia havia lhe ensinado que era sexy), o
achando divertidíssimo. Quando ela pede pra passar a noite, a casa cai!
- Passar a noite no barcão?? O patrão me
mata, dona!
- Patrão? Tu acha que eu não reconheço essa marca de
roupa?
- Pois foi o patrão mesmo que me deu!
- Pobre? Pé rapado?? Eu não acredito que eu dei pra mais um pé
rapado!!! Tu acha o que? Que foi de graça? Que tu é um gato?? Vai pagando!!!! E
paga pacote completo com adicional de fingimento de orgasmo!
- Fingimento? Pagamento?
- Tu acha o que? Nada vem de graça, nem o pão nem a
cachaça! Eu quero o meu dinheiro!
Ele lamenta profunda e sinceramente, um homem
honesto não engana um trabalhador, muito menos uma profissional como ela, mas
como ele poderia saber?
- Ô dona, eu
não tenho renda pra descolar a merenda, ando tão duro! Vou botar minha alma a
venda. Eu não tenho grana pra sair com o meu broto, eu não compro roupa...!
Ela grita, cai no chão em prantos:
- Não tenho
dinheiro pra pagar a minha ioga, não tenho dinheiro pra bancar a minha droga.
Tão triste, tão desiludida, tão...
- Quero ser o caçador, to cansada de ser caça...
Ele sentou no chão, a abraçou:
- Uai, morena, viver é bom, esquece as penas, vem...
- pra Babylon?
- hein?
- nada não. Ir pra onde?
- de volta pra cama, gozar sem se preocupar com o
amanhã...
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Babylon,
Potyra Pereira,
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sexta-feira, 14 de outubro de 2011
Como Deus quer...
Aqui no sertão se vive como Deus qué, se come quando Deus qué, se morre quando Deus vem buscá. Tem tanta gente morrendo que acho que Deus vive por aqui... E ainda tem quem acha que aqui é lugar esquecido por Deus. Quando fica sem chovê uns dia, umas semana e depois uns mês fica tudo meio marrom: o chão, as árvore, a vida da gente. O gado morre de fome, os menino fica doente, as panelas vazia, da plantação fica só uns galho seco, mas o céu tá lá, azul, lindo como Deus fez.
A gente reza em casa antes de comê farinha com açucar, reza com os vizinho. Dá uma coisa ruim , a gente bebe pra esquecê, poe a culpa na mulher que não reza direito... A gente faz novena, se ajoelha, implora, chora com tanto desgosto e com tanta fé, e quando a gente fraqueja, começa a pensar se esse povo que diz que Deus é igual ao avião, uma invenção do homem, é mesmo verdade, começa a chover!
Chove uns pingo e a gente corre pra rua, dança, ri, abraça a mulher como não fazia há tanto tempo, levanta as mão pro ceu. Compra rapadura e distribui pros menino, tão feliz, tão feliz!
E chove um dia, dois, 10, a água junta no chão, as poça vira lagoa, chove tanto que a chuva vira um rio. O gado sai nadando, o barro das parede da casa desmancha, o menino se afoga. É Deus atendendo a nossas prece. A gente pediu muito, né moça? E ainda tem quem acha que aqui é lugar esquecido por Deus.
Potyra Pereira.
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Súplica Cearense
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