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sábado, 12 de novembro de 2011

A novidade era o máximo do paradoxo

Padre Eduardo praticamente nasceu padre. Nunca quis ser outra coisa, até o dia em que morreu. Seu Darcy nem sabe como virou dono de puteiro, foi um negócio que tava na família há quatro gerações, ele era o único filho homem. Nanda Suely virou puta aos poucos, uma concessão aqui, uma troca de favores ali e resolveu levar a coisa a sério. Foi esse improvável triângulo não amoroso que movimentou aquelas semanas no bairro São Gilberto. Padre Eduardo era conhecido na região por uma igreja que tinha santos com cara de gente, com cara de povo, sabe? Sem cara de coitados ou superiores, cara de gente comum, que um dia recebeu um chamado divino, só isso. E lá estava Padre Eduardo, a caminho de uma extrema unção da irmã de um grande amigo quando viu a mulher que seria o rosto do povo para sua Nossa Senhora. Já viu tudo, né? Comentou com o amigo, ele não vê a tal mulher.
-  aquela ali na praia, ali na areia
-  Nanda Suely? Nanda Suely é o melhor boquete desta cidade, tá maluco?
Não, ele não tava! O desafio era ainda maior e a vitória ainda melhor...
Bom, vou poupar vocês dos pormenores...
Dias posando para Padre Eduardo, conversas sobre vocação, pecado, céu, inferno, Nanda Suely começa a admirar a igreja, Padre Eduardo a entender que é só uma profissão.
Mas seu Darcy, coitado... Precisou contratar cinco novas garotas para sobreviver ao concorrido mercado da sacanagem, mas sua casa nunca mais foi a mesma, nunca mais se formaram filas, casa cheia, nada. Os clientes começaram a se queixar de Nanda Suely. Sua profissional mais requisitada não era desejada por ninguém. Diziam que se sentiam sujos. Sujos, pecadores, indignos de voltarem à suas esposas, seus lares, a beijarem seus filhos. Não se pode dar o pau pra uma mulher com cara de santa chupar.
Padre Eduardo, na inauguração de sua Nossa Senhora fora vaiado, apedrejado, expulso da cidade e da congregação. Saiu até no jornal. Sua Nossa Senhora tinha cara, sabe?  Ninguém sabe como mas todo mundo que via tinha certeza de que sim. Sua Nossa Senhora tinha cara de puta.

A NOVIDADE

O nome dele era Gabriel. Tinha 16 anos, todos os braços e todas as pernas. Vivia numa comunidade chamada “Se Deus Quiser”. Se deus quiser, apesar do nome, era um lugar que ninguém queria estar. Ninguém. Gabriel sabia disso.

O menino não lia nem escrevia. Mas era campeão de empinar pipa. Todos os dias, às 16h, ia para a frente do escritório do Doutor Péricles, um advogado que lhe dava o dinheiro do pão em troca de nada. Ele fazia com que, todos os dias, Gabriel chegasse em casa com o sorriso e com o pão.

Tinha 6 irmåos. Um deles era Jonathan, um menino bom que trabalhava pra gente ruim. Gabriel era o homem da família, seu pai morreu no ano passado quando tentava atravessar a rua e uma moto atrapalhou seus planos.

Dia desses, Gabriel foi soltar pipa na praia. Luiza tava lá. Luiza era a filha do Doutor Péricles e Gabriel gostava muito dela. Pipa vai, pipa vem e a galera ficou na praia até mais tarde, até que chegou uma hora em que só restaram os dois. A hora certa. Gabriel chamou Luiza pra dar uma bola nas pedras. O plano era perfeito. Seguraria a mão dela, falaria aquela letra do pagode que tinha ouvido no Bar de Seu Zeca e pimba: depois do beijo, teria uma bela história pra contar. O plano deu certo.

Chegou a hora de Luiza voltar pra casa. Gabriel pegou a menina pela mão e, assim que chegaram ao calçadão, o destino resolveu dar o seu toque na história. Quatro pessoas estavam correndo, uma delas era Jonathan. Aos gritos, Gabriel recebeu a ordem para correr, correr bem rápido. Obedeceu ao irmão mais velho. Com a sirene do carro de polícia como trilha sonora, os seis continuaram correndo. Gritos e sirene. Sirene e muito mais gritos. Um tiro e um corpo de menino no chão.

Gabriel foi atingido por uma bala da polícia. Morreu sem nem saber o porquê. No jornal, falaram que o menino estava vendendo drogas para uma garota inocente. Depois de vender, ele tentou um assalto. Luiza explicou a situação verdadeira, mas isso não saiu no jornal.

Os policiais não se mostraram arrependidos de nada, até porque, Gabriel era pobre e preto. Jonathan virou crente. Doutor Péricles nunca mais entregou o dinheiro do pão a ninguém. Luiza lembra de Gabriel até hoje, se perguntando o porque do mundo ser tão esquisito. Em Se Deus Quiser, tudo continua a mesma coisa.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

O mar, a mar, o mar.


Hoje fui a praia.
Nem gosto de tomar banho de mar.
Fui só observar.

Hoje eu vi um doutor conversando com um pescador.
Uma criança negra e uma galega fazendo um castelo de areia.
Um senhor cantarolando uma cantiga e um poeta escrevendo uma rima.
Inspirados na mesma beleza. O mar.

Independente das diferenças que tantas vezes nos separa, ainda existe algo que por vezes nos une.

Alguns tentam manter distância. Outros desistem, estão encantados demais com as ondas.
A espera de alguma sereia que traga as novidades do fundo do mar.




¹Desculpem a demora, estava sem net
² Texto escrito em 6 minutos. Correria.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Sobre as novidades.

Querido João,

Escrevo essa carta para lhe por a parte das "novidades"...
Maria, nossa sobrinha, casou e teve cinco filhos. tudo ia bem até que, por conta da vida sofrida, da seca maldita, um dos seus meninos morreu de desnutrição.
Enquanto isso, Isaura, dona da venda, esbanja comida que dá até agonia.
e o Carlinhos, da padaria, lembra dele?! os assaltos foram tantos que espantou a freguesia.
enquanto isso, Sebastião, da policia, vai garantindo seu extra extorquindo a vizinha.

Joana, filha da merendeira, mudou de vida depois de trabalhar na esquina,
enquanto isso, Patricia, a professora, luta todo dia por uma valorização digna. 
como você pode ver meu irmão, as coisas por aqui andam na mesma,
enquanto uns se lambuzam, outros rastejam.

é um mundo muito desigual...
mas a gente segue tendo esperança de dias melhores...
onde essas novidades que sonhamos
deixem um dia de serem milagres e se tornem realidades.

Abraço calouroso e cheio de saudade,
  
Fátima.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Essa música me deixa chateada pra caralho...Mas vamos lá!







A novidade sempre será uma surpresa, seja boa ou seja uma merda!
Novidades não agradam a todos. A novidade boa do sitema é a maldição para um poeta
Que luta contra ela…
A novidade boa para um poeta seria uma afliçãoo para o sistema , mas com isso eles não irão
se preoculpar, não fazemos mais medo a eles .
Aquilo que seria um sonho para um poeta  é mastigado e engolido !
Mas  que se danem.        
NÃO SOU POETA MORTO E NEM VIVO, MAS NÃO PARAREI!
Quem sabe um dia toda essa prosa e poesia ganhará dessa hipocrisia.

Eu fico aqui cuspindo  essa realidade e esperando a minha novidade….



segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Es-pe-lh'-a-dor.

De um lado eu olho o bem
Do outro eu vejo o mal
De um lado eu vejo o bom
Do outro eu  sou o sal
O sal do mar, da macumba da esquina numa vela vermelha em fogo alto.
De um lado eu como a fome
Do outro ela me come
De um lado eu sou bonito
Do outro esquisito
De um lado eu sou mulher
Do outro eu sou homem
De dia eu rezo
De noite eu peco
De um lado eu sou feliz
Do outro eu quero ser
De um lado sonhos fartos
Do outro morte em enlatados
De um lado igualdade
Do outro ...
Eu não sei .