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terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Deite. Durma. E esqueça.

Ando procurando pelo quê.
Nos lábios que mordo, nos olhos em que me guardo.
O que ando eu procurando quando ando olhando pra beira da noite.
Tão inquieto-sozinho-solitário buscando a vingança de qualquer coisa.
Ao final, afinal, onde é que eu vou descansar os pés e o juízo.
Ontem fui o mais real dos maiores.
Hoje sou o mais final dos fracassos.

E quando bebo e me drogo é porque eu busco pelo quê.
Quando eu me sento a janela e fico vendo o vento andando como um menino feliz pra lá e pra cá.
Afinal, no fim disso tudo onde é que eu vou achar o meu-eterno-e-terno-quero-mais?
E esse erros que já que me feriram e continuam ali do lado da minha carteira de cigarros.
E meu isqueiro, cadê.
E essas estrelas tontas me olham brilhando pra quê.
Não estou só e só estou com solidão.
'Inda que eu soubesse onde é que cada palavra minha foi deitar ...
Deite. Durma. E esqueça.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Viver-Verbo

Nascer
Respirar
Ver
Chorar
Sorrir
Falar
Gritar
Andar
Correr
Estudar
Brincar
Ler
Viajar
Voar
Tocar
Crescer
Gozar
Transar
Gostar
Amar
Sofrer
Doer
Escrever
Fugir
Voltar
Trabalhar
Odiar
Comprar
Gastar
Olhar
Fazer
Comer
Amar
Amar
Viver
Viver
Envelhecer
Ensurdecer
Imobilizar
Apagar
Viver
Viver
Amar
Amar
Respirar
Deitar
Suspirar
Sorrir
Sorrir
Morrer.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Rio tanto que morreu

Nessa noite ele queria que o céu coubesse em seu batom
Nessa noite todas as palavras que já haviam o ofendido seriam inúteis
Ele punha seu salto, seu peito alto, seus ombros largos
Ele era o homem da noite, o homem que foi excluído quando nasceu
Ele dançou com tanta força que doeu
Ele dançou com tanta força que fechou os olhos pra parar de rodar
Mas continuou dançando e balançando e rodando
Os olhares que lhe caíam mal já não se faziam notar
Ele se divertiu tanto e gozou tanto que de pronto morreu
Dançou
Rodou
Gostou
Gozou
e Morreu ...

Rio tanto que morreu.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Es-pe-lh'-a-dor.

De um lado eu olho o bem
Do outro eu vejo o mal
De um lado eu vejo o bom
Do outro eu  sou o sal
O sal do mar, da macumba da esquina numa vela vermelha em fogo alto.
De um lado eu como a fome
Do outro ela me come
De um lado eu sou bonito
Do outro esquisito
De um lado eu sou mulher
Do outro eu sou homem
De dia eu rezo
De noite eu peco
De um lado eu sou feliz
Do outro eu quero ser
De um lado sonhos fartos
Do outro morte em enlatados
De um lado igualdade
Do outro ...
Eu não sei .

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Pra ver cair na tua cara

Olha a minha face
Enxerga o meu enlace
Eu sujo os lençóis com você
Mas é só pelo êxtase de ver
Que o teu corpo ainda é meu
Mas eu não vou  te levar
Quando eu me for
Quando eu me for
Você é quem vai ficar
E nesse tema, no meu lema
Eu trago só um trago de prazer
Eu faço graça
Eu acho graça
Na desgraça do teu beijo
Na minha vida eu só vou levar os meus passos
E você vai ser só um passo a mais que eu dei
Eu vou cuspir pra cima
Pra ver cair na tua cara
Eu vou gozar com você mais algumas vezes
Mas quando eu cansar
Quando eu cansar
Eu vou deixar você falar
Dar as costas e andar ...

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Nem as drogas. Nem os homens. Nem os lugares.

Eu não quero nada de livros, nada de canções!
Eu quero choques reais, eu quero palavras que doam tanto quanto uma alfinetada no olho!
Não quero nada de histórias banais!
Eu quero um abraço, um cheiro.
Da minha mãe. Do meu namorado. Dos meus amigos.
Eu quero ficar aqui.
Cansei da seca sertaneja, da fome, da dor do não-ter e do não-estar.
Minhas lembranças me doem: Fiz tudo o que podia, fiz tudo o que devia.
E continuo no embaraço, na falta do abraço.
Hoje, eu entendo.
Hoje, eu sei.
Sou ainda o mesmo de ontem.
Nem todas as drogas que tomei me mudaram, nem todos os homens que comi me tocaram, nem em todos os lugares por onde passei eu deixei um pedaço meu.
Há tanto perigo lá fora.
Há tanta juventude aqui dentro.
Aqui.
Dentro.
Em mim.
Não quero, apesar de tudo, ser só um pesar em tudo.
Quero ser o tudo-sem-peso.
O tudo-que-é-leve.
Ser só a leveza de uma vida bem vivida, bem devorada.
Um vida assim: Aqui. Dentro. Em mim.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Esse Tal De Dinheiro

Meu bem, me compre um sorriso que hoje eu quero dançar!
Hoje, meu bem, eu quero comprar uma alma nova.
Aquela velha que eu tinha eu vendi ainda ontem, ainda ganhei uma grana.
Simbora, meu bem, que os meus cartões de crédito andam tão desvirginados quanto eu.

Meu bem, me compre um sorriso que hoje eu quero trepar!
Hoje, meu bem, eu vou comprar um carro novo.
Aquela velha minha mãe, eu vendi ainda ontem, ainda ganhei uma grana.
Vamos logo, meu bem, que os meus talões de cheque andam tão desvairados quanto eu.

Meu bem, me compre uma arma que hoje eu quero matar!
Hoje, meu bem, eu quero comprar uma vida nova, uma vida pra deixar de ser vida.
Aquela velha vizinha hoje vai me explicar essa história de dizer que eu não sou cabra homem, que eu não sou do dinheiro, que eu não sou o melhor...

Meu bem, me compre um lápis que hoje eu quero escrever!
Eu hoje quero escrever pra dizer pr'essa gente que dinheiro compra tanta coisa,
Mas meus amores e meus amigos, meu bem, esse tal de dinheiro nunca comprou.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Ai, Deus dono dos céus

Ai, Deus dos desesperados!
Dai-me um trago de chuva
Um pedaço de pão molhado
Ai, Deus das ilusões!
Perdoa a minha lágrima de raiva
Abençoa o meu cantinho de terra
Ai, Deus Senhor dos justos!
Tem pena deste homem tão simples
Tem pena deste homem de calos nas mãos
De sonhos nos pensamentos
De dor no viver
Ai, Deus dono dos céus!
Dai-me um bocado de nuvens
Dai-me uma planta no meu terreiro vazio
Pra acabar com essa fome
Essa sede
Esse inferno
Esse frio...
Diego Souza