Aqui no sertão se vive como Deus qué, se come quando Deus qué, se morre quando Deus vem buscá. Tem tanta gente morrendo que acho que Deus vive por aqui... E ainda tem quem acha que aqui é lugar esquecido por Deus. Quando fica sem chovê uns dia, umas semana e depois uns mês fica tudo meio marrom: o chão, as árvore, a vida da gente. O gado morre de fome, os menino fica doente, as panelas vazia, da plantação fica só uns galho seco, mas o céu tá lá, azul, lindo como Deus fez.
A gente reza em casa antes de comê farinha com açucar, reza com os vizinho. Dá uma coisa ruim , a gente bebe pra esquecê, poe a culpa na mulher que não reza direito... A gente faz novena, se ajoelha, implora, chora com tanto desgosto e com tanta fé, e quando a gente fraqueja, começa a pensar se esse povo que diz que Deus é igual ao avião, uma invenção do homem, é mesmo verdade, começa a chover!
Chove uns pingo e a gente corre pra rua, dança, ri, abraça a mulher como não fazia há tanto tempo, levanta as mão pro ceu. Compra rapadura e distribui pros menino, tão feliz, tão feliz!
E chove um dia, dois, 10, a água junta no chão, as poça vira lagoa, chove tanto que a chuva vira um rio. O gado sai nadando, o barro das parede da casa desmancha, o menino se afoga. É Deus atendendo a nossas prece. A gente pediu muito, né moça? E ainda tem quem acha que aqui é lugar esquecido por Deus.
Potyra Pereira.
Potyra Pereira.
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