Para os amigos. Ou para os que já foram um dia.

“Gente jovem reunida
Na parede da memória
Essa lembrança
É o quadro que dói mais...”

ARQUIVO PESSOAL

As lembranças que me rodeiam ultimamente me levaram a perceber que estou envelhecendo. Aos poucos, de leve, mas envelhecendo.

Os amigos próximos são outros, os lugares não são os mesmos, e as crenças também não.

Tanta coisa aconteceu comigo, mesmo o tempo sendo tão pouco. São 20 anos de perguntas ainda sem respostas, muitos sonhos, e uma ferida viva no coração. E estou muito bem.

Continuo a mesma... Ou talvez não.  Mas continuo com aquele sorriso estampado na cara, e aquelas piadinhas de sempre. E não, não pretendo voltar para Arcoverde. Mesmo sentindo falta do sertão. 

Oxe!  Já ia esquecendo de contar que parei de beber cana. Meu pai também parou mais isso já faz tempo...

 Resolvi escrever esta carta, porque bateu uma saudadezinha de tudo, tudo que fizemos. Da nossa embriaguez. Da nossa irresponsabilidade. Das nossas descobertas, sexuais inclusive. Das festas. E até das confusões. E sinto falta da despedida que não aconteceu. Quando foi mesmo que paramos de sair juntos? Quando foi mesmo, que paramos de conversar bobagens por horas e horas, com uma lata de cana do lado? Nunca mais fui expulsa de uma calçada por fazer barulho, isso costumava acontecer todas as vezes que estávamos juntos, lembram?

Então, estou aqui remexendo nas nossas fotos. E lembrando, lembrando, lembrando...  Essa coisa de amar o passado, parece coisa de velho! Sensação estranha essa, ser jovem e envelhecer. Juventude deveria ser eterna!

Como diriam meus pais: “É da vida. Isso acontece com todo mundo.”

Isso quer dizer, obviamente, que aconteceu com eles também.

Espero que estejam bem.

Eterna "bagaça" para nós!

Assino como vocês costumavam me chamar,

Galega.